"Absinto" é uma bebida destilada feito da erva Artemisia absinthium. Anis, funcho e por vezes outras ervas compõem a bebida. Ela foi criada e utilizada primeiramente como remédio pelo Dr. Pierre Ordinaire, médico francês que vivia em Couvet na Suíça por volta de 1792.É também conhecido popularmente de fada verde em virtude de um suposto efeito alucinógeno. Absinto, o blog, é um espaço para delírios pessoais e coletivos. Absinte-se e boa leitura.

terça-feira, 31 de maio de 2011

Para Letícia, guerreira

Há momentos na vida que nos deparamos com um alto muro intransponível. Algo difícil mesmo, que nos faz entregar os pontos. Mas, depois de alguns minutos (ou meses) de desespero e desamparo, começamos a aceitar aquela situação e milagrosamente percebemos que temos forças aonde não pensávamos existir mais nada, e que podemos, sim, superar. Mesmo quando tudo o que nos resta é a entrega à fé (como se isso fosse pouco), nela, na fé, conseguimos renascer. 


Como fênix, voltamos a sorrir, a dar de novo bom dia, a sonhar. Cada dia que passa é mais um dia de espera, mas também de superação. Tudo tem o seu tempo e nós, acostumados a correr contra ele, temos que reaprender a contar as horas no compasso do amor.


Certa vez uma prima da minha mãe, aos 74 anos, cheia de atrites e atroses por todo o corpo, enfrentou uma longa viagem  de ônibus até a nossa cidade para nos visitar. Na volta, seguiu para a casa de seu filho em Brasília. Lá chegando, me liga para dar notícias. Fiz a pergunta de praxe: "Boa viagem, Dora?" Ao que ela me respondeu: Viagem maravilhosa! Você imagina que, na entrada de Brasília, o ônibus furou o pneu e uma pessoa tão boa ao meu lado me emprestou o celular para eu ligar para o meu filho? Em 20 minutos ele chegou lá para me buscar. Eu acabei dando carona para minha nova amiga".


Não conheço muitos seres humanos que descreveriam este episódio como maravilhoso, mas posso me orgulhar por conhecer algumas pessoas assim.


O que me leva a constatação simples  e, me desculpem a obviedade, de que a felicidade é um estado de espírito. Por pior que seja o momento, ele terá o peso e a cor que a ele destinarmos.


Esta semana vou colorir meu coração para uma pessoa querida. Desejar a ela toda a felicidade do mundo. Uma paleta de cores alegres para pintar um quadro de um novo recomeço.


sábado, 28 de maio de 2011

Fogo-fátuo




Ah como a ansiedade lhe aguça
Libertino, aberto, mete os pés pelas mãos
Cautela é o que precisa, para dar o bote na presa
Mas não há paciência para coração aflito
Pulsa o sangue, a libido
Como segurar? 
A espera é preciosa
Até que o corpo exploda
Incêndio é certo, total e desejado desalinho
Fogo que se apaga, apenas, e só apenas, depois de muita água...


João-galafoice corta estrada no matagal, a luz azulada corre para dentro da mata. Não há temente a Deus que se atreva a atravessar o mesmo caminho. Fica quieto, menino. Menino não pode se aquietar. O fogo, já queima seus mais intensos pensamentos. 

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Redoma de Vidro


Responda em dois atos. O que mais vale, amores vividos ou amores sonhados?
Amores vividos são como casa com visitas. Arrastam móveis, arranham o chão, sujam o tapete, fazem bagunça na cozinha, causam risos à meia-noite.

Amores sonhados são perfeitos encerrados em nossas mentes. Não desalinham a cama, não despenteiam nosso cabelo. Também não criticam. Também não afagam. São como pipocas sem sal, sem doce, sem graça.

Eu? Eu gosto de comida temperada.


Era de tardinha quando chegou à pequena aldeia
Não havia vestígios de sol, apenas casas de janelas cerradas.
Pela fresta da porta vizinha rompia o ar um aroma gostoso de caldo quente misturado com o da tinta fresca. A casa simples estava totalmente caiada. 
Entrou no velho casarão ainda sentindo frio.
Na sala, o chão vermelho encardido e no canto esquerdo um velho filtro de barro.
Apenas o gato veio ao seu encontro. Fez festa. Deixou a mala no quarto e saiu pelas ruas procurando um bar.

terça-feira, 17 de maio de 2011

Caminhos de Absinto


Na minha terra há um ditado assim: 

Formiga, quando quer se perder, cria asas.
Eu vivo em total processo de enformigamento alante.

Tenho forte na minha mente o dia mais feliz da minha vida.
Não, não me joguem pedras, mas não foi o dia em que meu filho nasceu.
Este foi um dia muito especial, mas não é desta alegria que me recordo agora.
Também não foram os dias de amores correspondidos.

A minha lembrança de um dia de felicidade plena está registrada nos meus 7 anos, em uma fazenda perto do Alto Paranaíba, Minas Gerais.

Foi um dia de pés descalços, vestido comprido e banho de rio.
Foi a primeira vez que andei a cavalo e descobri que o mundo era bem maior do que o pequeno apartamento de dois quartos que eu morava no bairro da Tijuca, Rio de Janeiro.

Talvez por isso eu entenda perfeitamente o olhar perdido do meu filho sob o mar da Ilha Grande, quando, aos quatro anos de idade, ele me disse: “Eu, mamãe, papai, a gente não sabe é nada”. 

Não desdenhem o filosofar de uma criança. A mente dela está aberta a receber e perceber bem mais do que pensamos em estar dizendo para elas.
Por isso, naquele dia de verão eu comi milho assado na fogueira e me senti cigana.Queria ganhar mundo, mata, queria viajar e conhecer e me afogar de conhecimentos.

A alma itinerante faz bem ao meu corpo.

Ando cabisbaixa cumprindo rotinas de vida adulta. Mas o tempo da viagem está chegando

Em breve partirei para novas aventuras. Quem sabe me encontrar com aquela menininha de plena felicidade diante de um mundo a ser revelado?

Nesses dias em que estive adoentada, uma amiga me falou, porque você não escreve da necessidade do corpo parar para descansar. Na verdade, meu corpo não necessita de descanso, necessita de aventura em terras mais quentes do que a que estou agora. O sol sempre me anima e me movimenta.

Talvez ela esteja certa. O corpo reclama para que eu mude o curso e ouse novas trajetórias.

Já estou fazendo as malas. Poucas coisas. Um caderno de memórias, um par de sandálias e um coração pulsando pela vida.

sábado, 14 de maio de 2011

De volta




A ausência de dias neste blog me faz pensar o quão efêmera é a nossa existência.


Não chegou há um mês, mas os amigos, pela educação de não invadir o meu espaço, ainda não mandaram chamar a polícia.  Que bom, porque o caso era mais para médico.


Odeio o inverno. Odeio com todas as forças do mundo. Odeio ter crises de sinusite e ficar sem forças para nada.


Gostaria de ter nascido urso e hibernar até a primavera. Ele está chegando, o senhor do frio. E minha cidade fica coberta de uma névoa branca enquanto a minha cabeça dói. O corpo dói.  O peito fica sem ar e eu totalmente inerte ao ciclo do vírus maldito.


É claro que junto com a sinusite haveria uma gripe. E chás de limão, mel, remédios, e muita falta de paciência e improdutividade.


Bom, como não há mal que tanto dure, estou de volta. Ou quase.