"Absinto" é uma bebida destilada feito da erva Artemisia absinthium. Anis, funcho e por vezes outras ervas compõem a bebida. Ela foi criada e utilizada primeiramente como remédio pelo Dr. Pierre Ordinaire, médico francês que vivia em Couvet na Suíça por volta de 1792.É também conhecido popularmente de fada verde em virtude de um suposto efeito alucinógeno. Absinto, o blog, é um espaço para delírios pessoais e coletivos. Absinte-se e boa leitura.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Sem rótulos, nem certezas

Foto - Malu Machado
Ainda bem que estava atenta aos sinais.

Quando percebi que não havia espaço para mais ninguém no jardim.
Quantas vezes nos sentimos forasteiros na terra onde vivemos?

Foi assim comigo quando me mudei da minha cidade natal. De uma cidade grande para uma pequena. Não tão pequena, mas formada por pequenas redes impenetráveis de amigos de infância, intermináveis almoços nas casas de avós com todos os primos e primas. Bem diferente da democracia das praias de Ipanema onde era só chegar e se enturmar.

Foram anos de convivência informal, cultivando um sentimento de não pertencimento.
E então, a cidade começou a ser invadida. Uma onda de migrantes vinda de cidades gigantescas, pessoas em busca de uma vida menos atribulada, mas que garanta um certo acesso à cultura, lazer e modernidades.
E, de repente, éramos mais de dez, vinte, cem, os forasteiros, vindos de diversas capitais brasileiras e, diante do estranhamento desta mineirice acabrunhada, fomos formando o nosso canteirinho, sem rótulos, sem cercas, com espaço para todos os sonhos e vontades.

E hoje posso dizer que, da casa onde ergui minha vida, cada vaso de planta, cada amigo que chega, é com se abrisse as cortinas e estivesse exatamente aonde gostaria de estar. Na verdade, pouco importa a terra. Aprendi a viajar no tempo e a ser feliz com minha eterna falta de contexto. 

Não sou o tipo de peça se que encaixa em um só quebra-cabeça. Antes, necessito germinar em diferentes quintais, necessito de enxertos contínuos aprimorando a minha espécie. Deixando em outros um pouco do meu sal, levo comigo a semente de muitos para um novo amanhecer, seja ele aonde for.

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Dia de domingo




Vou contar uma história de um dia de calor intenso.
Água de coco, ventilador ligado, um céu azul que há muito não viam.
Caminhar abraçados, criança brincando.

Preparar o almoço juntinhos, dia de descanso. Dia comum, que acontecimento!
Apenas pequenas coisas feitas, pequenas e significativas.
Apenas um olhar para se compreenderem.

E quem achava que a razão havia se perdido, bastou um dia de silêncio e de paz para confirmar que tudo está ali, ao alcance das nossas mãos. Precisamos apenas nos entregar à simplicidade do ato.

Dá gosto viver assim.

"Loves is old, love is new, love is all, love is you."