E, de repente, um dia olhei o pequeno vaso aonde dias antes havíamos depositado a semente de caju e lá estava o pequeno pé brotado, um daqueles milagres que a ciência já revelou, mas que, pela singularidade e pela absoluta raridade da cena, me deixou sensibilizada.
Então eu tinha um pequeno cajueiro em minha casa. E agora? Aonde vamos plantá-lo? Como assim, plantá-lo?? Argüiu meu companheiro. E se a raiz dele atingir o muro?
Moro em uma pequena casa, com um pequeno quintal, cujos limites dos fundos se faz por um muro de seis metros de altura por 12 de comprimento.
Embora as medidas possam parecer, no mínimo, razoáveis, a topografia não é amigável para plantas, digamos, de grande porte.
Moro em uma pequena casa, com um pequeno quintal, cujos limites dos fundos se faz por um muro de seis metros de altura por 12 de comprimento.
Embora as medidas possam parecer, no mínimo, razoáveis, a topografia não é amigável para plantas, digamos, de grande porte.
Eis o meu dilema: em tempos modernos, quiçá pós-modernos, em que o desejo coletivo gira em torno de uma tal qualidade de vida, cultivo a graça de ter um pequeno cajueiro em minhas mãos e simplesmente não posso ficar como ele?
O cheiro do caju convive com minha infância, a fruta comprada na feira-livre todas as semanas e devidamente coada no pano branco. Talvez o único utensílio doméstico que minha mãe não me permitia brincar. “Este não, filha, este é o pano de coar o caju”. Era quase o Santo Sudário.
O perfume da fruta ficava na trama com que eu furtivamente queria enfeitar minhas bonecas. Diante destas lembranças, como poderia eu consumir em uma gôndola de supermercado alguma dessas polpas congeladas?
O perfume da fruta ficava na trama com que eu furtivamente queria enfeitar minhas bonecas. Diante destas lembranças, como poderia eu consumir em uma gôndola de supermercado alguma dessas polpas congeladas?
Decidida a encarar os fatos de ser eu uma mulher dos tempos modernos, há seis meses apanhei dois pacotinhos, um de goiaba, outro de manga, e joguei-os para dentro do carrinho certificando-me de que ninguém me olhava.
Todavia, embora cometida a heresia da compra, não consegui consumar o ato e os dois pacotinhos continuam no meu congelador aguardando que eu aceite o inevitável: sou uma cidadã do mundo fast food, não é mais necessário esperar um pomar inteiro crescer para saborear uma simples fruta.
Mas eu posso! Eu posso ter o meu pomar! Eu já tenho até um pequeno pé de caju que nasceu como devem nascer os pés de caju, rompendo a semente em busca de luz.
Mas ele não cabe no meu quintal. Talvez o ato da doação seja o mais acertado neste caso. A quem darei, então?
A alguém que certamente não mais se lembrará de me presentear com uns pequenos cajus em sua primeira florada?
Alguém que talvez não saiba a medida certa da água e do amor que a ele devam ser dispensados?
A alguém que não sabe que o melhor suco de caju é coado no pano e tem cheiro de mãe?
Neste instante, meu companheiro chega perto de mim e diz: Está decidido. Que o muro caia, mas o caju fica!
Fico com uma gostosa sensação de que a humanidade está salva.
Fico com uma gostosa sensação de que a humanidade está salva.
O pe de caju nao tem o direito de morrer sem cumprir seu papel... Que é alimentar, embelezar, nos conectar... E viver sua propria gloria.
ResponderExcluirA humanidade esta salva. Mas so a parte que deixa o caju florescer derrubando o muro que divide espaços inventados e irracionais.
Floresça, pe de caju... Aos pes da Malu!
E que fique o caju e tudo mais que tanto amamos!
ResponderExcluirB-Jos.
Que cajueiro de sorte esse.... não é qualquer coisa derrubar um muro pra poder ficar.
ResponderExcluirÉ o amor de quem dele cuida ou sabor que ele oferece que o salvou?rsrsr...
Já ouví sua nova seleção da radio absinto.
Beijos...
Que lindo post Malu!!!!
ResponderExcluirComo disse a "poderosa", que cajueiro de sorte esse!!!
E que magnífica a sua forma suave de nos contar suas lembranças, sua dúvida sobre o que fazer, a quem doar, e a decisão final de seu marido...amei!!!
Que o muro venha abaixo, mas o amor fica!!
Valeu minha noite ler esse seu texto.
Obrigada
Beijão
Oi Dydy, Vida longa para nosso pequeno cajueiro! Espero que ele ainda me renda muitas alegrias que aqui serão compartilhadas
ResponderExcluirMenina, não é que esta mudinha já chegou forte? Também, não é qualquer semente que você planta e ela floresce. Merece respeito.
ResponderExcluirBjs
Oi Priscilla. Como você bem disse, cajueiro defendido, agora que sobrevivam todas as coisas boas da vida.
ResponderExcluirQuerida Regina, obrigada você pelo carinho. O cajueiro é nosso!!
ResponderExcluirbeijo grandão.
É, amiga...
ResponderExcluirSomos dessa era fast mesmo...
Mas uma plantinha que nasce, é uma vidinha que se renova.
É a vida se fazendo presente!
Quase implorando: Hey! Olha pra miiiim!
Beijo mágico!
Fabricante de Sonhos
Oi Malu, um brinde ao caju! Um pedaço de terra, um punhado de amor, é assim que nasce boas histórias e longas amizades.
ResponderExcluirAbraços
Solange
Malu , xará e já amiga ,
ResponderExcluirCoisa mais boa foi vir aqui te conhecer e ler .
Nossa !... amei tudo aqui , senti até o cheirinho gostoso de caju.
Não poderia ter lido nada melhor.
Me remeteu à minha infância , onde tinha um
belo pé de caju no quintal da casa da minha bisa.
Ela ficava louca comigo trepada o dia todo
na árvore comendo caju , ...Rsrsrs
Obrigada por me proporcionar essa viagem
à um tempo tão mágico de minha vida.
E palmas , palmas pra você e pra seu companheiro.
Dane-se o muro e Viva o Caju !!!
\o/ \o/ \o/
Hehehe ..........
BjO Imenso e Muito Feliz em ter sua
presença lá no meu cantinho. :)
Que bom te ver por aqui, Milla. Este cajueiro tá ficando famoso. Obrigada pela visita.
ResponderExcluirSolange, prevejo que esta amizade vai longe.
ResponderExcluirbjs,
Viva o caju!! Que bom que gostou, Malu. Sinta-se à vontade para explorar este espaço.
ResponderExcluirbeijo grande,
"Toda questão tem pelo menos 12 lados." Malu, Isso te soou familiar?! Fiquei aqui imaginando que vc encontrou mais que doze lados nesta questão. O coração, o saudosismo falaram mais alto, muito mais que um muro de seis metros de altura por doze de comprimento. Digamos que, somando tudo, não deve chegar nem perto do número de cajus que vc irá colher no seu atual "pezinho de caju" num futuro não muito distante. Mas lembre-se "a árvore está virtualmente presente na semente". E se essa árvore trouxer o sabor, o perfume, as cores, a memória de tudo o que você viveu, deixando um gostinho de quero mais, vale a pena deixar a semente germinar, alimentando a alma. E se você realmente colocou tudo quanto é no mínino que fez, pode ter certeza que vai ter muita gente querendo a sombra, o perfume das flores e o suco de caju coado no paninho branco.
ResponderExcluirBeijos!!
Beta
Malu,
ResponderExcluirEsse é realmente companheiro!!!!!
Que é um muro?
Vale mais o caju com o pano de coar e o gosto e o heiro de colo da mãe.
A qui em casa, plantei uma jaboticabeira, um pé de acerola e um de manga.
A cordo todas as manhas com o canto dos passaroe. Cato jaboticabas esticando a mão de minha janela.
Não há dinheiro que pague....
Que caia o muro!!!!
bjo
Ah Roberta, você tem toda a razão. Na minha mente, já senti o gosto e o aroma dos meus futuros cajus. Já fiz a minha colheita.
ResponderExcluirE quem sabe, meu pequeno cajueiro realmente dando frutos, irei distribuí-los com todos vocês?
Beijos
Lufe, tenho um companheiro muito especial. E você teve a sensibilidade de perceber, não é mesmo?
ResponderExcluirEspero em breve estar como você colhendo suas jabuticabas e mangas. Aqui em casa tenho um pé de limão tahiti, excelente para caipirinhas. Querendo, posso mandar entregar umas caixas para o seu bar. Topas? rss
Oi Alexandre, realmente o blogger prega umas peças na gente às vezes. Eu até já me acostumei a copiar o comentário antes de postar de tantos que já perdi!
ResponderExcluirQuer dizer que aí no Japão você tem caju. Que bom!! Vou lá no seu blog ver se você já escreveu algo sobre frutas por aí. Se não tiver escrito, fica a minha sugestão.
Quanto à postagem coletiva, eu que agradeço divulgar. Já mergulhei de cabeça. A água é meu elemento hehehe.
Bjs,
Olá Lia, que bom que veio. Sinta-se à vontade para navegar por aí. Agora vou lá no seu cantinho conhecer.
ResponderExcluirBjs,
Sempre que aqui faço uma visitinha,retorno ao meu passado, passado este que tanto fui feliz sempre debaixo de um pé de abacate, minha casinha era de tijolo,o sofazinho ,a mesinha enfim,a comidinha de abacate. Que a mãe natureza proteja seu pé de caju.
ResponderExcluirbeijos luci
Por favor me dê uns cajus da primeira florada.
ResponderExcluirBjs.
Mara
Legal o post, Malu derrubadora de muros! ;)
ResponderExcluirFiquei me sentindo a mais fast food de todas.. adoro suco de caju e pasme, acho que nunca tomei um suco verdadeiro (fruta fresca coado no pano.. rsrs).
Agora, toda vez que eu tomar, vou me lembrar de vc e ficar pensando em qto deve ser melhor um suco de verdade! kkk Eu chego lá!
Bjão.
Lembro me com frequencia das bananeiras, mangueiras e outras plantas mais que ajudei meu pai a plantar em uma casa do interior... Nunca tive a chance de saborear nenhum de seus frutos mas a lembranca de que estas plantas existem e que devem estar frondosas e dando frutos aos atuais moradores de nossa antiga casa me deixa uma sensacao muito boa, ja plantei muitas outras arvores mas estas em especial ficaram em minha memoria talvez porque era crianca. Enquanto isso, vou matando a saudade dos sabores tropicais com polpas congeladas, mas por aqui nao considero isso um pecado eh a unica chance que tenho de relembrar o gostinho das frutas do Brasil.
ResponderExcluirUm beijo Blue
As vezes uma simples questão pode nos levar aos mais profundos cantos de nossa menter, sendo que você fez bom post para nos fazer refletir...
ResponderExcluirFique com Deus, menina Malu Machado.
Um abraço.
Oi Blue, As lembranças da infância são as mais gostosas, não é? Eu sinto assim. Curta as suas frutas congeladas, uma saborosa ponte com o nosso país.
ResponderExcluirUm beijo
Malu,
ResponderExcluirDepois que você me alertou que eu vi...
E eu comprando limão....
Claro que quero, você vai ser minha fornecedora exclusiva....rs
bjo
Bom Despacho, e este post me ajudou muito na minha assignement faculdade. Agradecimentos você como suas informações.
ResponderExcluirEstive pesquisando na Internet tentando encontrar idéias sobre como obter o meu blog pessoal codificado, o seu atual estilo e tema são maravilhosos. Você código de sua própria ou você contratar um programador para fazê-lo para você pessoalmente?
ResponderExcluirEu só queria fazer um breve comentário para dizer que eu estou feliz por ter encontrado o seu blog. Graças
ResponderExcluirOlá... Saudações dos Cajueiros do Ceará... Somos do Museu do caju um projeto sócio cultural que mantemos sem ajuda do poder público. Estamos felizes pois trabalhamos com a temática do caju desde 2007, idosos e deficientes físicos fazem artes artesanato e produtos alimentícios derivados do caju. O caju realmente é uma dádiva, algo precioso que veio da natureza e que nós brasileiros em sua maioria não valoriza... Ficamos felizes pelo seu pensamento e imaginação com o caju cajueiro. Podemos divulgá-lo junto aos nossos visitantes? Somos fortes com a cultura do Caju. O caju é do Brasil!!! Contato: museudocaju@yahoo.com.br Face book: Museudocaju
ResponderExcluirFiquem à vontade, citando a fonte, me sentirei honrada.
ExcluirAdorei! O muro do meu quintal tem muitas rachaduras :)
ResponderExcluirMalu, adorei a sua história, muito linda e com final feliz!!! Também tenho um pé de caju e ele tem 4 anos, assim como você, tenho uma relação muito afetiva com ele, na verdade gosto muito de plantas, mas meu cajueiro é especial o amo muito, fico horas olhando pra ele, encantada com sua beleza. Mas, o quintal daqui de casa também é pequeno e minha mãe sempre fala que vai arrancá-lo, segundo ela o cajueiro irá derrubar a casa. Fico triste em saber que algum dia posso chegar em casa e vê-lo arrancado. Ele já deu deliciosos frutos, agora ele está tão lindo, florido e já com algumas castanhas, enquanto estiver ao meu alcance vou defendê-lo. Um abração!!!
ResponderExcluirOlá Isa. Feliz com sua visita e de saber que de que estamos ligadas pela literatura e pelo caju! Mostra o texto para a sua mãe. Se ela não for de computadores, imprime e dá de presente para ela com um suco de caju bem gostoso ! Bjs e volte sempre!
ExcluirBoa ideia rsrsrs!!! Obrigada!!!
ExcluirUm abraço!!!