Ele, o médico, detém um conhecimento que você não tem. Por isso só te resta a condição de entrega e de ser... paciente.
É como a relação de filho e mãe. Eu mando, você obedece. No entanto, qual é o filho que ao crescer não descobre que todo o saber de seus progenitores tem falhas? Ao tomarmos consciência de nossas imperfeições, encontramos, enfim, o livre arbítrio.
E diante a peregrinação a alguns consultórios, descubro revoltada que meus sarcedotes não são deuses! Começo a ouvir frases antes impensadas: “Não sei”, “vamos ter que investigar”, “virose”, “é hereditário”. Mas a pior e mais indefinida das respostas, aquela que dói na alma feminina é ouvir de quem quer que seja: “São os hormônios”.
Mulher é sinônimo de vulcão em atividade. Quem pensa que eles, os “hormônios”, aquietam-se após a menopausa, se engana. Então, desde que entra em seu primeiro ciclo menstrual, a mulher está fadada a ouvir: “são os hormônios”. Com se isso fosse o bastante, como se isso acalmasse e respondesse nossos humores.
Quem sabe são eles, “os hormônios”, os responsáveis pela nossa feitiçaria? Chorar, brigar, entrar em uma grande melancolia, achar que vai morrer e um segundo depois perceber-se como a mais poderosa dos mortais na face da Terra.
Essa constante montanha russa assusta não só os homens, caros companheiros, mas às mulheres também. Insegura, irritada, mal-humorada, amável, sensível, pegajosa. Todos os papéis me cabem no espaço de trinta dias.
Enquanto a ciência continuar a se furtar em nos esclarecer termos como “viroses” e “hormônios”, a nós, homens e mulheres, restará aquela palavrinha irritante: resiliência. Perdoem-me o baixo calão, mas F..., porque, como diz uma amiga minha, depois de uma certa idade, não existe TPM, existe TPS – Tensão Para Sempre. E aí? Como fica, doutor?
Aviso da lua que menstrua / Elisa Lucinda
Moço, cuidado com ela!
Há que se ter cautela com esta gente que menstrua...
Imagine uma cachoeira às avessas:
Cada ato que faz, o corpo confessa.
Cuidado, moço
Às vezes parece erva, parece hera
Cuidado com essa gente que gera
Essa gente que se metamorfoseia
Metade legível, metade sereia.
Barriga cresce, explode humanidades
E ainda volta pro lugar que é o mesmo lugar
Mas é outro lugar...
Malu, que texto lúcido e verdadeiro, cheio dos meus dilemas de cada dia. :-)
ResponderExcluirbjs
"Há que se ter cautela com esta gente que menstrua..."
ResponderExcluirÉ uma grande verdade!.....rsrs
Essas alterações de humores é que nos levam a nos encantar com o universo feminino.
Elas são instigantes, misteriosas, sensuais e .....megeras.
bjo
Cuidado com a lua,
ResponderExcluirsou eu, nesse mundo mesquinho,
um homem que menstrua.
Um texto bem interessante, mas as mulheres serão, sempre maravilhosas.
ResponderExcluirBeijos.
Nossa Malu, que dádiva ter vindo aqui, primeiro porque amei seu texto e a comparação corretíssima e para mim muito poética e bela do médico com o sacerdote... muitos médicos deveriam ler seu texto viu!
ResponderExcluirMas muitos o são mesmo, e deveriam ler para se sentirem elogiados e reconhecidos!
O Segundo motivo é que eu AMO este poema da Elisa Lucinda! Amo de Paixão e desta vez levo-o comigo pra não perdê-lo mais!
E claro, vim te ver né que nunca venho sempre aqui.. sou ainda meio desorganizado com as visitas, mas este Absinto aqui não esqueço não!
Bjus!
"Mulher é sinônimo de vulcão em atividade. " Poesia Pura isto!
Gostei muito do seu texto.
ResponderExcluirSe pensarmos pelo lado bom, a variação de humor das mulheres e os hormônios são a nossa graça. O que me fez lembrar deste vídeo do Deleuze:
http://www.youtube.com/watch?v=OlnJL4Mv1vM&feature=player_embedded
Vale a pena assistir!!
até mais
beijão
Acho que os hormôniosa fazem a diferenca
ResponderExcluirOLha, eu te mandei um email. Vc recebeu?
bjs e dias felizes
Realmente a TPM é uma coisa que assuta qualquer um, mas a mulher também é o seu coração e isto não é uma fúria...
ResponderExcluirFique Deus, menina Malu Machado.
Um abraço.