Se você é um adepto dos grandes centros e amante do agito das metrópoles, com certeza está mais para a lebre da fábula infantil do que para a tartaruga.
Mas saiba que, em 1999, 32 cidades italianas e uma croata resolveram levar uma vida lenta de caracol. Confuso? Eu explico.
Imagine viver em uma cidade em que o número máximo de moradores permitidos é de 50 mil habitantes e onde a preocupação maior seja com a qualidade de vida.
Além do limite no número de moradores, esta cidade segue rigorosamente 55 princípios que valorizam e incentivo o consumo de produtos locais, a preservação do patrimônio histórico, a política ambiental, a sustentabilidade urbana, infra-estrutura, hospitalidade e senso de comunidade.
Nesta cidade, o coeficiente de aproveitamento para novas construções respeita, antes de tudo, o bem-estar de todos. Uma cidade ideal, onde as tecnologias de ponta são bem vindas, mas um lugar onde a identidade local é valorizada e preservada.
Antes da virada do século XXI nascia um movimento inspirado no slow food – aquele contrário à lógica das refeições rápidas próprias dos que passam a existência correndo atrás de tudo.
Passar por uma estrada e não observá-la é vazio. Quantas horas passamos ao lado de colegas de trabalho, colegas de academias de ginástica, vizinhos e parentes e nada deixamos, como nada levamos?
A Cittá Slow ou Slow City agrega pessoas que pensam que a vida vai além de um shopping center com lojas cheias de lugar comum, comidas rápidas com gosto de isopor e relações superficiais.
Essas pessoas prezam pelas tradições e acreditam que dar bom dia não é um mero padrão convencional de educação.
Essas cidades estão repletas de pessoas que resolveram levar a vida mais lentamente e dar mais utilidade e prazer aos seus dias neste planeta.
Rosiska Darcy Oliveira em seu livro Reengenharia do Tempo já me despertou o interesse pelo tema. Alguns meses após esta leitura, um amigo me intrigou ainda mais com a afirmação de que a próxima revolução da humanidade está na relação do espaço-tempo. E não é isto que vivenciamos cotidianamente na internet ?
Reengenharia do Tempo fala em suas entrelinhas da sociedade de consumo que transformou o tempo
Calma, a proposta não é dizer que queimar soutiens em praça pública não tenha sido uma boa idéia. Mas, após tantas conquistas, não seria o momento de repensar certos caminhos tanto para homens quanto para mulheres?
A organização do tempo é a exteriorização de um debate íntimo que começa a percorrer o imaginário coletivo.
San Potito Ponnitico
Alemanha, Austrália, Áustria, Bélgica, Canadá, Coréia do Sul, Dinamarca, Estados Unidos, Espanha, Itália, Holanda, Noruega, Nova Zelândia, Reino Unido, Polônia, Portugal, Suécia, Suíça e Turquia. Estes são os países que já aderiram ao movimento.
No Brasil ele ganhou o nome de Bem-Viver e, até o presente momento, duas cidades buscaram certificação: Tiradentes,
Tiradentes
Antônio Prado
Para se tornar uma Cittá Slow, a minha cidade teria que se dividir em várias, múltiplas. Então, para mim este sonho não é possível. Porém, acredito que, dos 55 requisitos, alguns poderiam ser considerados. Já seria um começo.
Para ser uma Cidade Caracol:
A. Política Ambiental: Prevê o controle da qualidade do ar, distribuição de águas,
poluição sonora, luminosa e eletromagnética; aplicação de novas tecnologias de
reciclagem; incentivo ao uso de fontes alternativas de energia; aplicação do regulamento EMAS ou ISO14000; participação na Agenda 21.
B. Política de Infra-estrutura: Presença de áreas verdes; arquitetura sem barreiras para deficientes; horários alternativos de acesso aos setores públicos e existência de plano de horários para o exercício comercial coerente com a exigência dos cidadãos; presença de um Relações Públicas (“URP” – Ufficio Relazioni con il Pubblico).
C. Qualidade Urbana: Restauração dos centros históricos e/ou obras de valor cultural e histórico; controle do uso de alarmes sonoros; controle do lixo e incentivo aos recicláveis;sensibilização para arquitetura biológica; existência de plano de desenvolvimento da cidade e programa de valorização dos centros históricos.
D. Valorização da produção autóctone: Censo da produção típica (no Brasil, poderíamos associar ao instrumento Registro Cultural), programa de valorização e conservação da manifestação cultural local; programa de sensibilização quanto à biotecnologia natural; proteção aos produtos e as manufaturas tradicionais da cidade.
E. Hospitalidade: Sinalização internacional; treinamento turístico; existência de um plano para o desenvolvimento de iniciativas coerentes com o movimento Cittaslow.
F. Informação: Difusão das atividades do movimento na mídia nacional; programa para facilitar a vida familiar, através do lazer, da assistência residencial a idosos e doentes crônicos; programa de aplicação dos requisitos.
Além das cidades Cittaslow, as empresas também podem se inscrever e certificar no movimento, cumprindo assim com requisitos peculiares ao porte e atividade empresarial desenvolvida, com alguns itens interessantes, como o cuidado com a qualidade do ambiente de trabalho e a opção, quando possível e desejado for, pelo Teletrabalho.
Oi Malu...
ResponderExcluirPassei aquí pra ler o que ainda não tinha lido.
Esse post mexeu comigo.
Tenho desejado tanto um lugar assim como esse que vc escreveu!
Amei essa postagem.
Beijos...
Olá Malú!
ResponderExcluirAdorei!
Também quero uma cidade dessas.
E quero ser o caracol!!
Seu blog é ótimo!
Um grande abraço!
Dora
Isis !!
ResponderExcluirEstava com saudades. Sempre passo lá pelo seu cantinho. Mentalizar um lugar assim, já é um bom começo para que algo aconteça.
Obrigada pela vista,
Malu
Oi Dora, obrigada pelo carinho. Aguardo telefonema para colocar o papo em dia.
ResponderExcluirMinha cara mesmo, Malu!
ResponderExcluirVc escreve mto bem.
Minha cidade tem 25mil hab, mas pra mim ja é demais. E olha que moro afastada e em sitio!
Nao sabia que este movimento era oicial. vou ler o texto abaixo agora. Com a foto de uma cacheira dessas, é impossivel eu nao ficar curiosa...
Bjks
Querida Malu... E não é que tenho pensado nisso? Um jeito diferente de viver, sem a velocidade do consumo, sem as cobranças por status, sem o frenesi da competição por tudo e por nada... É bom saber dessa sintonia. Reforça a certeza de que é preciso buscar a simplicidade. Viver é simples, sim! Nós é que teimamos em complicar as coisas...
ResponderExcluirKátia e Dydy, vocês já ouviram falar de um outro movimento chamado simplicidade voluntária? Façam uma busca na internet uma hora dessas. A proposta é bem esta.
ResponderExcluirE, Kátia, ando com saudades de seus textos, viu?
Arruma um tempinho para os fãs!
Oi Malu, obrigado pela visita e citação. Feliz que tenha gostado dos meus versos. Parabéns pelo seu blog!
ResponderExcluirUm grande abraço!
Podemos incluir algumas das práticas aqui indicadas, através de uma facilitação do "Cidades em Transição". Em Juiz de Fora temos grupos pensando e estudando isso.
ResponderExcluirTudo de bom. O blog é uma delícia.
Nina