Foto: Júlio César Ferreira |
Restos de velas encontrados constantemente na escadaria do portão enferrujado não deixavam dúvidas aos pequenos. Embora este fato não se configure como nenhuma prova irrefutável, fazia todo o sentido às crianças do bairro.
Os fantasmas, achávamos, eram seres deliciosamente perigosos. O gosto pela aventura, pelo proibido rendia a todos nós sonhos que preferíamos esquecer ao amanhecer e horas de conversas arquitetando planos para capturar as criaturas aladas.
Retiro as teias de aranha do meu pensamento e redescubro o prazer de aprender coisas novas. Em meu coração continuo guardando com carinho a vontade pelo não-saber.
Desafios são o alimento da vida. O medo e o desejo caminham juntos na infância e continuam a nos instigar por toda a vida como um poderoso elixir da juventude.
Por onde andarão as crianças e suas lembranças do velho casarão? Foram tantas em tantas gerações. Não sei se a velha casa, cansada de guerra, ainda abriga seus fantasmas ou se cedeu lugar a algum prédio frio e sem sonhos.
Por um instante imagino os fantasmas sem teto em um balé acrobático pelas ruas da Tijuca, procurando desesperadamente os olhos curiosos de suas eternas crianças.
E nós não estávamos mais lá.
Restarão para eles as nossas lembranças e as deles guardadas com carinho em dimensões distintas no tempo e no espaço.
Esta noite, sonharei com meus fantasmas queridos e farei a eles uma oração de até breve.
Entre as paredes da noite, entram os mágicos. Tomam os pensamentos guardados e começam números desde os casarões antigos, pois encontram ali ferrolhos desguarnecidos. Usam as nossas cobertas, se aninham entre os lençóis.
ResponderExcluir"por instantes a apresentação se toma de um balé na Tijuca. e caem nos olhos curiosos de uma criança que morrerá!
abraços
desculpe: uma correção
ResponderExcluir"uma criança que não morrerá!
Que texto lindoooo!
ResponderExcluirNossas lembranças fazem de nós quem somos. Nossa história afinal é contada por tudo aquilo que lembramos... Tudo aquilo que nos marcou em determinado momentos. Sejam nossos fantasmas, nossas flores, nossos sonhos!
Que seus fantasmas sobrevivam
E possa trazer ao coração o ótimo sabor de ser criança!
LINDO POST!
Um beijo mágico e uma ótima semana!
Milla Borges
Twitter:@millaborges
Os nossos Gasparzinhos sempre foram nossos amigos e iluminadores de nossos sonhos.
ResponderExcluirUm até breve então.
Bjs.
Os casarões do Rio antigo ainda abrigam os fantasmas da nossa imaginação.
ResponderExcluirSão um maravilhoso e instigante instrumento para dar asas a imaginação, a divagação, ás historias criativas do bando de garotos que moram em redor.
Realmente dá saudade e as lembranças eclodem..
Que texto gostoso, me remeteu a minha infancia.
bjos
Oi, Malu!
ResponderExcluirAh, como eu gostava de ir à Tijuca na minha juventude! Realmente, os casarões eram lindos e inspiradores, hoje dão lindos textos como este seu.
Quanto à pergunta das máquinas digitais lá no meu blog, digo-lhe que a minha anterior era maravilhosa, um pouco mais limitada que esta atual, mas fiz excelentes fotos, principalmente de perto.
A que eu tinha era uma Sony DSC H10 e tive muita sorte e boas experiências com ela, por isso indico-a com certeza. A minha atual é mais possante, mas faz fotos melhores à distância, pois tem um zoom ótico de 35X. Ainda tenho muito a aprender com ela, por isso desculpe-me se ainda não der o foco legal com ela.
um abraço grande carioca
Casarões, sempre fazem parte da imaginação de quem sente saudades. Saudades de um tempo gostoso, um tempo que todos podiam sentir a poesia que pairava no ar.
ResponderExcluirbeijos.
O José, e que nunca nos abandone.
ResponderExcluirOi Milla, obrigada pelo carinho. Sempre bom te ver por aqui.
ResponderExcluirGuará, Gasparzinhos são mesmo inesquecíveis. rss
ResponderExcluirLufe, meu amigo, os casarões do Rio, de Belo Horizonte, de tantas cidades, ocupam as memórias de gerações. Deveriam ser mais respeitados, não achas?
ResponderExcluirbjs,
Oi Beth, tenho muitas saudades da minha Tijuca de infância. Quando ao invés de balas perdidas víamos pipas no morro do Salgueiro.
ResponderExcluirPS - Obrigada pela dica da máquina.
Bjs,
Ah Élys, quanta coisa boa ainda há para ser cultivada. Não sei se agradamos mais do que meia dúzia com nossas poesias, mas sei que este rememorar nos faz um bem danado, não é amigo?
ResponderExcluirUm grande abraço,
Vou sonhar também com fantasmas. Os seus ou com os meus. Tanto se me dá, são iguais os que habitam um casarão. Na Tijuca ou na pacata aldeia saloia de Cheleiros (linda), próxima do Convento de Mafra, de que fala Saramago. São fantasmas com o mesmo cheiro bafiento e a mesma cor de escuridão e com a mesma corrida fraca que nem consegue agarrar o um miudo, ainda por cima carregado de medos e de imaginação. Quase diria que os fantasmas apenas têm seis pés quado eu fugia a sete...
ResponderExcluirHoje vou sonhar com fantasmas. Depois lhe direi se foi na Tijuca ou em Cheleiros.
que bonito, Rogério. "Quase diria que os fantasmas apenas têm seis pés quado eu fugia a sete..."
ResponderExcluirEntendo bem dessa corrida. Coração batendo forte e um riso nervoso emoldurando o rosto.
Depois me conta, dos sonhos.
Olá Malu!
ResponderExcluirToda criança tem seu casarão de fantasmas e arquiteta planos de captura los. E todas as brincadeiras de criança estão muito bem guardadas no tesouro da memória de cada adulto e como é gratificante revê las de vez em quando!
Prazer em estar aqui!
“Para o legítimo sonhador não há sonho frustrado, mas sim sonho em curso” (Jefhcardoso)
Gostaria de lhe convidar para que comentasse o meu conto “Água benta bem gelada”. Ok?
Jefhcardoso do http://jefhcardoso.blogspot.com
Querida Malu, bom dia!
ResponderExcluirQue bom ver a renovação aqui neste seu espaço, um céu de oportunidades para soltar a alma. Ficou leve, doce e calmo. Muito lindo mesmo.
E que bom que o conteúdo continua poético, contundente e solidário, como no caso do selo sobre o Japão.
Talvez por não dominar bem o Wordpress, não consegui replicá-lo. Vou continuar tentando...
Todo o carinho,
Katia
Oi Malu,
ResponderExcluirPrimeiro quero dizer que faz um tempo que não entro no seu blog e adorei o visual novo !!
Adorei o texto. Na rua onde me criei também tinha uma " casa mal assombrada" passávamos por ela correndo ou ficávamos parados em frente imaginando coisas era muito legal. E voce sabe quando voltei lá já adulta com filhos não resisti e dei uma espiadina ? rsrsrs, beijos
minha cidade tinha casas assim, até que cairam todas- pela força da grana
ResponderExcluirMalu , amiga que gosto muito
ResponderExcluirQue texto belo .
E que venham nossos fantasmas.
Alguns doces , outros nem tanto ...
Os de ontem , os de hoje e os que ainda não conhecemos.
BjO Grande.