Levante a mão quem nunca teve
vontade de arrancar os ponteiros de um relógio ou de jogá-lo na parede. Este
medidor de tempo que determina o que podemos e não podemos fazer na nossa interminável
lista de tarefas. Este senhor de barbas longas, que parece tão sábio, e que
ainda não sabemos lidar com ele.
E de repente chega para muitos de
nós a maternidade. Quem tem filhos sabe que cada idade é preciosa e guarda as
suas descobertas. Mas o período entre os 3 e 5 anos de idade são especiais pela
espontaneidade e as famosas pérolas que guardamos para relembrar ano após ano
em almoços e encontros familiares e naqueles bate-papos sobre maternidade e
paternidade.
Coleciono histórias de amigos e
tenho as minhas próprias para contar. Como quando meu filho, aos 4 anos de
idade, depois de uma travessia de 2 horas pelo mar até a Ilha Grande, sentado
na janela do quarto, com as pernas dobradas, os braços segurando os joelhos e
com os olhos perdidos naquela imensidão, filosofou: “É... papai, mamãe, eu, a
gente não sabe nada”. Ou quando aos 3 anos, depois de escutar uma ladainha de “ordens”
dadas por mim, respondeu: “Mamãe, “pesta” atenção – cová dente, tomá banho, não
precisa nada disso mamãe, entendeu?”. Isso
dito com a maior tranquilidade do mundo, no melhor estilo larga do meu pé sua
chata!
E não é isso que nos tornamos,
nesta ansiedade doentia de ocupar o tempo com o que temos que fazer? A minha
ansiedade é a do dever a ser cumprido. O dever que imputei a mim mesma dos
horários rígidos para minhas ocupações.
E eis que chegam até nós estas almas
também ansiosas, mas um anseio pelo novo, pelas descobertas da vida. E de
repente uma pracinha perto de casa pode ser tão fascinante quanto qualquer
Disney World e esconder tesouros de pirata e pedras preciosas de duendes.
O tempo das crianças é um tempo à
parte, como o tempo dos mais velhos. É o tempo sem culpa de ser gasto. É aquele
tempo gostoso da conversa jogada fora, que na verdade é jogada dentro da alma e
alimenta sorrisos e compartilha sentimentos verdadeiros.
Peço desculpas ao meu filho pelas
vezes que o fiz correr por estarmos atrasados, peço desculpas por imputar a ele
uma correria doentia da qual eu mesma tento me livrar.
Hoje, sinto-me uma mãe menos dona
da verdade e mais aprendiz, ao lado do olhar curioso do meu filho que já sabe
ver as horas, mas não está nem ai para elas, a não ser se for para ir à aula de
Kung Fu, sua nova paixão.
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ResponderExcluirCoisa boa é perder um pouquinho de tempo e ter uma delícia de leitura assim!! Perder tempo que nada, eu ganhei e muito!!! Maravilha!!!
ResponderExcluirObrigada Michelle, eu que agradeço a visita e o elogio.
ResponderExcluirOi Malu. Grata pela reflexão!
ResponderExcluirEstou exatamente assim.
Tentando ser a Senhora do meu tempo.
Um abraço carinhoso, Fábia
Obrigada, Malu.
ResponderExcluirBoa reflexão.
Estou assim, neste exato momento de vida, tentando ser a senhora do meu tempo!
Vontade de parar o tempo... Oito meses do meu neném já!
ResponderExcluirQueria parar o tempo... oito meses do meu neném hoje!
ResponderExcluirPois eu vim pra casa hoje, olhando meu reflexo no vidro e pensando "que são outros tempos". Não parei um minuto e o tempo engoliu o dia. Estava cansada e ainda tinha muita coisa pra fazer quando chegasse...
ResponderExcluirÉ por isso que eu gosto do seu blog Malu. Fala de coisas profundas, de forma descomplicada e poética e o tempo passa e deixa um gostinho de quero mais. Valeu essa passada no blog. Seus textos recarregam nossa alma de ânimo. Beijos.
Isis
Pois é, que bom que a maternidade e a maturidade nos fazem entender melhor a real importância das coisas. Ninguem é senhor de nada, mas podemos aprender a priorizar as coisas que, realmente, valem a pena!!!
ResponderExcluirO tempo voa e a gente não percebe...
ResponderExcluirUm bj querida amiga
Se não podemos parar o tempo, que ele seja gasto, ou investido com algo que seja eterno:como um papo com amigos; beijo gostoso em quem se ama; parar tudo, desligar o fogo da panela e sentar na sala para brincar com o filho (estou nessa fase) e assim vamos construindo tesouros que nada e ninguém podem nos tirar. Amei o texto! Parabéns!
ResponderExcluirSe não podemos parar o tempo, que ele seja gasto, ou investido com algo que seja eterno:como um papo com amigos; beijo gostoso em quem se ama; parar tudo, desligar o fogo da panela e sentar na sala para brincar com o filho (estou nessa fase) e assim vamos construindo tesouros que nada e ninguém podem nos tirar. Amei o texto! Parabéns!
ResponderExcluirA maturidade é a melhor universidade da vida,que por vezes pagamos caro!
ResponderExcluirO tempo não para mesmo, é necessário aprendermos a vivê-lo da melhor forma e aproveitar cada segundo junto daqueles que amamos.
Amei, Malu
beijinho e uma flor
Muito bom refletir sobre o tempo. Quantas vezes tentamos ser Cronos,domar o tempo ao nosso bel prazer e nos frustramos e estressamos. Bom mesmo é curtir os bons momentos ao máximo pois não sabemos o quanto vão durar. Esta é uma sabedoria que as crianças têm e os idosos readquirem. Só nos resta levar um puxão de orelhas deles de vez em quando para aprender a viver a vida. Adoro beber desse Absinto! Beijos Maluuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuu
ResponderExcluirO tempo nos controla e por isso precisamos nos tornar mais livres, passando a controlá-lo.
ResponderExcluirBeijos.
Oi Malu estive aquiiiiiiiiiii.....
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