Tzviatko Kinchev_Open ArtGroup |
O ser humano só se realiza quando se expressa ou será apenas mais um na multidão
Ele comeria tomates todos os dias. Com bastante azeite. Tomates vermelhos, bem maduros, tomates
carnudos. Comeria de se lambuzar. Devoraria tomates como devorava livros. Sim,
livros estão mais ao seu alcance do que os tomates. Tomates brasileiros são
verdes e sem gosto. Os livros revelam
gostos requintados e infinitos.
Ele montou uma quitanda –biblioteca: Compre um quilo de
batatas e leve um livro emprestado. Se trouxer um livro, pode trocar por outro. Pensou em
estender a troca com as verduras e legumes: Traga um livro e leve um quilo de
cenouras. Em pouco tempo estava lotado de livros mal cuidados e com as contas
no vermelho. Voltou ao modelo antigo.
Após os primeiros meses, os livros estavam lambuzados de
todas as matizes; do verde quiabo ao roxo berinjela. E ficaram menos atrativos.
A vigilância sanitária implicou. Por ele, pararia com as verduras e ficaria com
os livros. Mas isso não pagava suas despesas.
Acabou desistindo dos livros. Tornou-se amargo, mal
humorado. Envenenado, sem cor.
Um dia, passou por ali uma cigarra esperta que o convidou a
segui-la para o campo, onde ele poderia plantar sonhos. Ele aceitou. Hoje cultiva
textos e sorri.
Gostei mesmo! :-))
ResponderExcluirAbraço
Uma bela viagem
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