"Absinto" é uma bebida destilada feito da erva Artemisia absinthium. Anis, funcho e por vezes outras ervas compõem a bebida. Ela foi criada e utilizada primeiramente como remédio pelo Dr. Pierre Ordinaire, médico francês que vivia em Couvet na Suíça por volta de 1792.É também conhecido popularmente de fada verde em virtude de um suposto efeito alucinógeno. Absinto, o blog, é um espaço para delírios pessoais e coletivos. Absinte-se e boa leitura.

domingo, 22 de janeiro de 2012

Universidade de Pés Descalços



Acabei de ler no perfil do grupo Chiquinha Gonzaga no facebook, um material postado pela minha amiga Maristela Rocha. Na velocidade da informação pertinente à nossa contemporaneidade, nem sei bem o porquê que este grupo foi formalmente criado, mas acredito que o espírito da coisa seja para difundir e debater o pioneirismo do presente e do passado. Bom, mulheres não precisam de muito para se comunicar. Por vezes bastam os gestos, não é mesmo, Bunker Roy?
 
O fato é que o texto postado pela Maristela e que reproduzo abaixo, veio aparecer na minha vida logo após eu ter assistido o vídeo acima. E fazer a conexão do pioneirismo de um com o outro foi um pulo:

 
A frágil feminilidade tinha que ser manifestada no comportamento, na educação, no vestuário. O "Jornal do Século" traz o registro de duas mulheres agredidas, em 1911, por usarem saia-calça. O fato ocorreu às 17 horas na calçada em frente à redação do "Jornal do Brasil": "Duas mulheres não identificadas, trajando jupes-culotte (saias-calça), moda lançada em Paris no mês passado, pararam o trânsito na Avenida Central e escaparam de ser linchadas graças a dois delegados..."

 
A palestra do indiano Bunker Roy mostra pessoas mudando paradigmas através de práticas cotidianas. Eles reinventam um cenário usando os elementos que têm. As mulheres ganham um destaque à parte. O vídeo não mostra propriamente mudanças de costumes, embora elas vão acontecendo lenta e gradativamente e isso fica claro no relato final. Mas a sutileza da proposta é a transformação que as pessoas podem promover nas comunidades onde vivem com que cada um já traz em seu interior.

 
Há alguns anos aqui no Brasil tivemos a novela “O Clone” em que a personagem de Letícia Sabatela demonstrava toda a artimanha feminina necessária às mulheres marroquinas para conseguirem seus objetivos junto aos homens de suas famílias. Sempre achei fabulosa a construção da personagem Latiffa. Fica claro como em muitas culturas as mulheres continuam não tendo o direito de defenderem diretamente seus pontos de vista, e por isso, lançam mão de subterfúgios, pequenas mentiras, armadilhas e tramas, como as mulheres ocidentais de séculos passados que necessitavam escutar na alcova da casa o que os homens falavam na sala principal.

 
Mas a força feminina é universal. Vamos combinar, mulher é acima de tudo um bicho falante! Se não podemos nos comunicar com a voz, usaremos as mãos e a face, se esconderem nosso rosto, usaremos o olhar ou os passos miúdos ou ligeiros serão a nossa expressão. Ou ainda o cuidar dos filhos, o fazer a comida, varrer o quintal. Sempre encontraremos uma maneira de compartilhar.


 
Fiquei fascinada pela experiência da Universidade dos Pés Descalços. É como se naquele lugar alguém tivesse aberto um baú de destroços e descoberto que poderia construir uma nova história com tudo o que estava dentro dele. Acho que a Grace Olsson seria uma forte candidata a contribuir com este lugar, que agora já avança em outros continentes.

 
Hoje me lembrei da minha avó que sabiamente colhi ervas nas quadras certas da lua e não plantava em meses com a letra erre. No mais, conflitos deveriam ser sempre resolvidos com fantoches, vocês não acham?

domingo, 15 de janeiro de 2012

Dé jà vu

E como se entrasse em um beco à luz de antigas luminárias, apenas o som dos sapatos a esconder a batida de meu coração, como a censurar meus sentimentos. O vazio do caminho é proporcional ao vazio de alma. A mente reprova cada detalhe pela retina cansada de tantos ângulos já registrados.

Nada me comove ou pelo menos nada me faz sentir prazer novamente em caminhar. O paladar perdido, as horas passadas sem nexo, a música não cantada, a dança guardada, as noites sem rastros.
 
Este é o risco de viver a vida no rascunho, o guardar emoções em um pote secreto para o dia certo deixá-las sair. Se tivesse hoje o poder de abrir a caixa de Pandora, abriria sem pensar e gozaria cada alegria. O guardar das coisas cria mofo e agonia.