Acabei de ler no perfil do grupo Chiquinha Gonzaga no facebook, um material postado pela minha amiga Maristela Rocha. Na velocidade da informação pertinente à nossa contemporaneidade, nem sei bem o porquê que este grupo foi formalmente criado, mas acredito que o espírito da coisa seja para difundir e debater o pioneirismo do presente e do passado. Bom, mulheres não precisam de muito para se comunicar. Por vezes bastam os gestos, não é mesmo, Bunker Roy?
O fato é que o texto postado pela Maristela e que reproduzo abaixo, veio aparecer na minha vida logo após eu ter assistido o vídeo acima. E fazer a conexão do pioneirismo de um com o outro foi um pulo:
A frágil feminilidade tinha que ser manifestada no comportamento, na educação, no vestuário. O "Jornal do Século" traz o registro de duas mulheres agredidas, em 1911, por usarem saia-calça. O fato ocorreu às 17 horas na calçada em frente à redação do "Jornal do Brasil": "Duas mulheres não identificadas, trajando jupes-culotte (saias-calça), moda lançada em Paris no mês passado, pararam o trânsito na Avenida Central e escaparam de ser linchadas graças a dois delegados..."
A palestra do indiano Bunker Roy mostra pessoas mudando paradigmas através de práticas cotidianas. Eles reinventam um cenário usando os elementos que têm. As mulheres ganham um destaque à parte. O vídeo não mostra propriamente mudanças de costumes, embora elas vão acontecendo lenta e gradativamente e isso fica claro no relato final. Mas a sutileza da proposta é a transformação que as pessoas podem promover nas comunidades onde vivem com que cada um já traz em seu interior.
Há alguns anos aqui no Brasil tivemos a novela “O Clone” em que a personagem de Letícia Sabatela demonstrava toda a artimanha feminina necessária às mulheres marroquinas para conseguirem seus objetivos junto aos homens de suas famílias. Sempre achei fabulosa a construção da personagem Latiffa. Fica claro como em muitas culturas as mulheres continuam não tendo o direito de defenderem diretamente seus pontos de vista, e por isso, lançam mão de subterfúgios, pequenas mentiras, armadilhas e tramas, como as mulheres ocidentais de séculos passados que necessitavam escutar na alcova da casa o que os homens falavam na sala principal.
Mas a força feminina é universal. Vamos combinar, mulher é acima de tudo um bicho falante! Se não podemos nos comunicar com a voz, usaremos as mãos e a face, se esconderem nosso rosto, usaremos o olhar ou os passos miúdos ou ligeiros serão a nossa expressão. Ou ainda o cuidar dos filhos, o fazer a comida, varrer o quintal. Sempre encontraremos uma maneira de compartilhar.
Fiquei fascinada pela experiência da Universidade dos Pés Descalços. É como se naquele lugar alguém tivesse aberto um baú de destroços e descoberto que poderia construir uma nova história com tudo o que estava dentro dele. Acho que a Grace Olsson seria uma forte candidata a contribuir com este lugar, que agora já avança em outros continentes.
Hoje me lembrei da minha avó que sabiamente colhi ervas nas quadras certas da lua e não plantava em meses com a letra erre. No mais, conflitos deveriam ser sempre resolvidos com fantoches, vocês não acham?