"Absinto" é uma bebida destilada feito da erva Artemisia absinthium. Anis, funcho e por vezes outras ervas compõem a bebida. Ela foi criada e utilizada primeiramente como remédio pelo Dr. Pierre Ordinaire, médico francês que vivia em Couvet na Suíça por volta de 1792.É também conhecido popularmente de fada verde em virtude de um suposto efeito alucinógeno. Absinto, o blog, é um espaço para delírios pessoais e coletivos. Absinte-se e boa leitura.

sábado, 30 de julho de 2011

Pizzicato


Tem coisas que soam melhores quando feitas com as mãos.
Tirar “poeira” do nariz, remela dos olhos, raspar vasilha de bolo, e outras delícias que não precisam ser confessáveis, apenas subentendidas.
O importante é o toque.


Sempre estranho quando vou cumprimentar algumas pessoas e elas fazem movimentos negativos ao contato físico. Eu respeito, é claro. Mas como é revelador o ato de se afastar e o de se permitir ao outro.
O primeiro prefere o recato, a segurança do afastamento, um resguardo de uma pós-gestação que nunca se acaba.O segundo é a entrega, o desfreio, a desmedida pela vida, puro anseio e cega coragem.


Mas, para nenhum dos dois, a verdade se esconde. Um brinde à entrega. Tardia ou precoce, um dia ela sempre chega. 


E neste instante, não há recuos, apenas dedilhamos os corpos. Melhor quando também dedilhamos as almas.

domingo, 24 de julho de 2011

Havachakra


Consciência e pernas para cima. Depois da viagem MARAVILHA ando às voltas com a balança. Acho que foram os chocolates e vinhos. Pode ter sido né? Esta semana comecei a ler um livro de introdução ao Budismo. Um livro bem simples do Lama Padma Samten, bem propício para iniciantes, cheio de gravuras bonitas que cativaram o meu filho de 7 anos, ainda em alfabetização, que por dois dias se apossou do dito cujo e não se cansava de ver as folhas coloridas. “É um livro sobre Buda, meu filho”. “AH, é um livro do AHHH Uuuumm”. Acho que ele vai aprender a meditar cedo. Ou, então, será humorista...


Recuperada a posse do livro, “A Roda da Vida”, fiquei matutando sobre como as grandes verdades da existência humana nos são tão complexas. A felicidade, por exemplo, como cultivá-la, se passamos a maior parte do nosso tempo perdidos em um ciclo de pensamentos pouco evolutivos?


É impressionante como nos prendemos nas mesmas ideias mentais que nos corroem a alma. A mudança de hábitos é custosa, porque está arraigada em nossa genética familiar. 


Quebrar a casca do ovo, nascer novamente, tomar uma consciência própria da maturidade. Desculpem-me os mais novos, mas há coisas que só compreendemos após os 40, ou aos 50, e assim por diante.


Mas a consciência nem sempre nos leva a ação. Por isso, por mais que saiba exatamente o que fazer em tantas situações, carecemos de atitudes. Talvez seja falta de hábito, talvez a ausência de coragem, ou ambos. O fato é que ficar com as pernas para cima é ainda o mais confortável para muitas situações por nós já conhecidas. 


Além de tomar atitudes concretas para emagrecer, há outras mudanças que ando querendo implementar. A mudança de visão, de maneira que eu veja uma determinada situação não presa aos acontecimentos do momento, mas exercitando o distanciamento para melhor compreender os fatos. Confesso que sempre tive este pensamento em minha vida. Mas, por mais que se reflita, ainda é preciso exercitar. Calma e serenidade. Dar aos fatos apenas a importância devida. Nem mais nem menos. Seremos mais frios e calculistas? Seremos mais justos e menos intempestivos.


A Roda da Vida nos ensina que tudo sobe. Tudo desce. Tudo passa. O que não é um convite à inércia, mas à responsabilidade da contribuição, para que possamos olhar o nosso passado e perceber mais acertos do que erros, mais alegrias do que tristezas.


Hoje cozinhei para a minha família e foi muito bom. Porque cozinhar é fazer amor por dentro. Nos atos mais singelos e cotidianos encontro os momentos mais felizes da minha existência.


A caminhada, ela virá, no tempo certo, sem culpas. Cultivo a consciência de que faço ou não faço, sendo minhas as escolhas. 

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Viajar é preciso

Coisa danada de boa é sair andando por aí a passear. Foi o que eu fiz. Sai pelo mundo. Conheci alguns lugares lindos que há muito sonhava estar. Fui a Paris, Amsterdam, Lausanne, Monterosso al Mar, Roma e Florença. Muito? Pouco.


Até agora a ficha está caindo. Para nós que moramos ao Sul do Equador, uma viagem dessas é longa e cara. Doze horas e meia de avião como sardinha em lata. E olha que eu sou tamanho mignon. Mas vale cada centavo. Que eu tive para investir é claro.


Não dá para contar tudo em um único post. Nem sei o que contar. Foram tantas coisas boas bem-vividas que até agora imagens e sensações vão tomando conta da minha mente e do meu corpo. A mudança mais fácil de ser notada pelos amigos é que voltei mais vaidosa. Talvez como se tivesse despertado para um mundo bem grande. Bem maior do que o meu Brasil querido que já é enorme, mas não é o Planeta.


Também voltei com uma saudade danada da minha casa, da minha cidade. Ficou uma sensação gostosa de que aonde eu vivo é muito bom. Apesar de muita coisa ruim. É aqui que conheço o padeiro, o açougueiro, o jardineiro, a velhinha do final da rua, o motorista do ônibus.


Claro que quero voltar e conhecer ainda outros lugares maravilhosos. Mas saber que faço parte de um contexto é muito importante para mim. É bom lançar-se ao infinito e ter para onde voltar e para quem voltar.


Há muitos anos passava sempre um filme na televisão do meu país chamado O Pássaro Azul. Um filme infantil onde uma criança partia em busca de uma felicidade efêmera; em busca de um pássaro azul que, como o coelho de Alice, sempre teimava em fugir.

Descontando a limitação cinematográfica da produção citada, a menina (Shirley Temple) termina a sua história retornando para a casa e encontrando o pássaro em seu jardim. Surpresa, a menina pergunta para sua mãe: Esse pássaro azul está aqui? E a mãe responde: Você nunca percebeu? Ele sempre esteve aqui.


Eu achava a mãe da menina uma sem noção. Que papo furado de quem quer prender os filhos em casa. Eu queria é correr mundo. E ainda quero. Mas hoje compreendo perfeitamente e profundamente o pássaro azul. Pertencimento é a palavra que me vem à mente para descrever o que sinto.


Voltei com vontade de coisas simples, cozinhar e plantar em meu quintal. Voltei com vontade de flutuar e dançar.
Voltei com vontade de pintar telas depois de tantos quadros e tantas cores.


Bom, tudo isso é para dizer que estou de volta. Ainda meio aérea, mas aterrissando. Espero que não muito. Porque voar é preciso.

PS. Novas músicas na Play List. Confira.