Giverny na Primavera - Foto: Malu Machado |
É difícil ser original em
2013. Tudo já foi dito, idealizado, concretizado. É difícil surpreender.
Quando uma ideia surge,
escrevo de uma sentada, sem muito rever. A ansiedade é própria da minha
essência e estaria sim presente em meu modo de se expressar. Talvez por isso tenha
a aparência tão calma.
Não carrego nada, assim que sinto, me confesso. Ou
explodo. Temperamento bem feminino de quem não sabe guardar segredos. Nem os
bons, nem os maus. Espalhar sentimentos, sentir na pele, apurar os cinco
sentidos. Como menina redescobrindo a Terra a cada dia. Sem isso, feneço,
perene, mas vazia. Necessito do novo para me sentir viva. Necessito de
redescobertas. Por isso, preciso caminhar mais devagar. Para ter tempo de
descobrir o musgo por trás da pedra. Como viver sem ter encontrado este
tesouro? !
Por vezes me sinto como uma cigarra que canta sem rumo. Não quero mais acordar de hora
marcada, preciso escrever. Preciso escrever para respirar. Preciso me
reencantar pela vida.
Canto para a Primavera
Retire o olhar cansado,
desarme os ombros.
Durma três dias seguidos e
então reviva.
Comece como um recém-nascido.
Não busque a luz forte do meio
dia,
Mas a claridade amena dos
primeiros raios de sol.
Então perceba as sutilezas ao seu
redor,
Descubra as joaninhas, os
caminhos das formigas,
As flores que desabrocham um
pouco mais a cada dia.
Sorria com seu cachorro,
afague o seu amor,
Faça amor sem hora,
Entregue-se ao tempo sem tempo
da criança,
Hoje, deixe a agenda na gaveta
da sala e ande descalça.
Faça um bolo ao final da
tarde, sente-se ao ar livre e delicie-se com sua produção.
Veja os pássaros buscando
abrigo.
O sol já vai se por.
Então, procure as primeiras
estrelas no céu. Mercúrio, Saturno, Venus. Eles estão logo ali, basta olhar.
Dê um abraço em um amigo,
sorria, escute. Escutar faz toda a diferença. Ser escutada também.
Durma feliz.
Abrace a vida e renasça.