"Absinto" é uma bebida destilada feito da erva Artemisia absinthium. Anis, funcho e por vezes outras ervas compõem a bebida. Ela foi criada e utilizada primeiramente como remédio pelo Dr. Pierre Ordinaire, médico francês que vivia em Couvet na Suíça por volta de 1792.É também conhecido popularmente de fada verde em virtude de um suposto efeito alucinógeno. Absinto, o blog, é um espaço para delírios pessoais e coletivos. Absinte-se e boa leitura.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Hereditariedade


Kazuya Akimoto - Debussy Jardins sous la pluie Gardens in the Rain

No tacho onde fui forjada, misturam-se credos e hábitos de variáveis culturas. Até onde permite ir a minha árvore genealógica, sei que correm em minhas veias sangue francês e português. Mas, o que mais se destaca em minha genética são os traços herdados dos meus antepassados guaranis.


Os olhos ligeiramente puxados e os cabelos lisos, juntamente com o rosto arredondado (talvez esculpido por meus bisavós das terras lusitanas), já me renderam ser confundida com as hermanas bolivianas e paraguaias. O tom de pele denota minhas origens indígenas.


Contudo, o que mais me define como uma legítima descendente dos primeiros habitantes de Pindorama é o prazer pelo banho.


Dizem os especialistas que banho demais estraga a pele. 
Banho de menos degenera a alma.


Eu preciso da água como necessito do ar. Tenho por hábito desde a infância tomar banho quando chego de algum passeio. Dormir sem um banho? Só em casos extremos. 


A água que molha o meu corpo relaxa e me permite filosofar.  Pelo ralo do box liberto-me de  tristezas e angústias. Quedam as idéias renovadas e a perseverança. O banho oxigena.


A força dos jatos em minhas costas mexem com minhas moléculas. Fechando os olhos, quase me percebo em meio ao rio de Ceci, aos encontros de Ana Terra. Vertigem...

Dizem que água não tem cheiro. Para mim tem cheiro de perfumes que me remetem à Dona Beija. 
Ela, sim, sabia do poder do banho e usava-se dele para seus propósitos.


Talvez este prazer pelas águas venha de terras mais distantes, quem sabe Pompéia, um hábito guardado de outras encarnações? Será mesmo o rito de ancestrais que determina hoje minha rotina cotidiana?


O que sei, é que, em noites de lua cheia, tenho vontades de buscar a beira de um rio e esperar a hora de virar Iara.

3 comentários:

  1. Minha querida amiga, como tataraneta de india vc me emociona. Também necessito da água como do ar para relaxar e filosofar. Como já disse vc me emociona como Lia Luft.Bjs. Mara

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  2. Nossa Mara! Agora foi um elogio e tanto! O que dizer? Muito obrigada pelo carinho.

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  3. Águas que movem moinhos
    Águas que fecham o verão...
    Pode até faltar luz, mas água, não
    Somos(quase)todo água, e alguma coisinha além...
    No mínimo dois litros por dia
    E tudo vai funcionar bem...

    Gostei de te ler.
    Abraço!

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