"Absinto" é uma bebida destilada feito da erva Artemisia absinthium. Anis, funcho e por vezes outras ervas compõem a bebida. Ela foi criada e utilizada primeiramente como remédio pelo Dr. Pierre Ordinaire, médico francês que vivia em Couvet na Suíça por volta de 1792.É também conhecido popularmente de fada verde em virtude de um suposto efeito alucinógeno. Absinto, o blog, é um espaço para delírios pessoais e coletivos. Absinte-se e boa leitura.

domingo, 11 de julho de 2010

A travessia do Rubicão

No ano 49 a.C. precisamente no mês de janeiro, Caio Júlio César tomou uma decisão que mudou para sempre os caminhos de Roma. Alea jacta est. O curso d´água marcava a divisa entre a província da Gália Cisalpina e o território da cidade de Roma (posteriormente, a província da Itália). Uma vez percorrido o Rubicão, Júlio César sabia que não teria volta. Foi uma declaração de guerra civil contra Pompéia, que detinha poder sobre Roma.

E a sua coragem lhe rendeu o que viria a ser o Império Romano

Atravessar o Rubicão é uma metáfora de se lançar ao desconhecido com vigor e sedento de novas conquistas. A passagem do Rubicão é usada para exemplificar as mudanças que acontecem com crianças aos nove anos de idade.

Por volta desta época, a criança começa a ver pai e mãe não mais como exemplos da perfeição idolatrada, mas seres imperfeitos, não tão bonitos, não tão absolutos.

E aí dá aquele medo do desconhecido, aquela vontade de voltar a dormir na cama dos pais e não ter que se preocupar com absolutamente nada, ao mesmo tempo em que somos tomados por uma curiosidade eterna que nos impulsiona a seguirmos o nosso curso. Alea jacta est.

Mas não é só no universo infantil que vencemos o Rubicão. Por quantas vezes em nossa existência realizamos essas travessias?

Mergulhar no improvável é uma essência da alma humana.
Existe uma fase da vida ainda mais instigante, quando nos permitimos mergulhar novamente em águas já conhecidas, contudo com um olhar totalmente inusitado.
 


E simplesmente você se dá conta de que ipês amarelos florescem no inverno, o que torna esta estação do ano mais afável. E que o céu é de um frio azul, mesclado com um carmim dissoluto em uma névoa distante. Nas estradas, a poeira e o intenso vermelho das queimadas.

E nesta minha sexta travessia, músicas esquecidas nas gavetas apuram seus tons e antigos poetas pedem para serem revisitados.

Com certeza já não mergulho neste rio tão afoita como a menina de outrora, porém, o olhar das (re)descobertas forjam em mim sentimentos mais profundos que me permitem alcançar a outra margem com uma singularidade silenciosa.
 

4 comentários:

  1. Oi Malu,

    gostei mt da iniciativa do seu blog: as belas fotos, os dizeres e, também, da breve nota sobre um período da história que me é tão agradável ao coração, que é algo sobre a Antiguidade... Ajustando o blog do Aleph, penso que poderá enriquecê-lo também...

    Abço,

    Paulo.

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  2. Menina, acho que ainda tenho nove anos ou síndrome de Julio Cesar, porque a cada dia me sinto atravessando o Rubicão. As vezes me dou bem, as vezes não.
    Nisso tudo uma só certeza, ai que saudade dos meus nove anos!!!
    Bjokas

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  3. Estava pensando nesse tema esses dias... O maior impecilho das nossas travessias é o medo. E, quando se trata de relacionamentos, é preciso encarar que eles não são consórcios - investimentos com retorno garantido -, mas apostas. Então, com a força da fé e da esperança, continuemos as travessias e apostando na felicidade.

    *Esse é o melhor post que li por aqui!
    Abs do seu amigo Ademir

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  4. Li isso e fiquei sem palavras - o que é raro no caso de uma tagarela como eu, rs.

    Por um tempo, não soube o que dizer. Talvez eu deva dizer apenas:

    LINDO, Malu. Eu não conhecia essa expressão. Agora, me lembrarei dela pra sempre. Atravessando o Rubicão de ano em ano, perdendo cada dia mais o pouco que me resta de inocência, de abençoada ignorância. É o preço do conhecimento.

    Beijão...

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