"Absinto" é uma bebida destilada feito da erva Artemisia absinthium. Anis, funcho e por vezes outras ervas compõem a bebida. Ela foi criada e utilizada primeiramente como remédio pelo Dr. Pierre Ordinaire, médico francês que vivia em Couvet na Suíça por volta de 1792.É também conhecido popularmente de fada verde em virtude de um suposto efeito alucinógeno. Absinto, o blog, é um espaço para delírios pessoais e coletivos. Absinte-se e boa leitura.

terça-feira, 27 de agosto de 2013

A cidade das noivas


Eu estava em Roma pela primeira vez e já haviam me avisado que aos domingos a gente tropeça nelas.
E é por aí mesmo. Contamos 16 naquele dia. Encontramos algumas nas portas das relicárias igrejas. 
Entrando, saindo, esperando a hora de entrarem triunfantes. Algumas de carruagem, uma tirava fotos em um parque público. Outro casal de noivos subia a ladeira com o ar ofegante e com aquele sorriso de felicidade no rosto do “para sempre” dos contos de fadas.

Fiquei pensando onde estariam esses sorrisos em 10 anos. Uma pesquisa científica aponta que a paixão dura dois anos, depois o que fica é o amor e a cumplicidade, além de coisas menos nobres, como o costume ou a falta de vontade para mudar essa condição.

Mas as noivas de Roma com seus noivos de fraque não pareciam pensar em separação. A cerimônia em um dia de sol, os vestidos brancos, as flores de fim de primavera. E lá foram elas seguindo seus caminhos, cada uma com seu sonho e com seu ritual.

Recordando as noivas nessa cidade tão mística, não sei o porquê, me vem à lembrança as sacerdotisas de Vesta, deusa do fogo. As vestais eram sempre seis, escolhidas com a idade entre seis e 10 anos de idade, deveriam servir ao templo por 30 anos e manterem-se virgens. As vestais utilizavam um penteado chamado sex crines, um adorno com seis tranças. O mesmo penteado era usado pelas noivas da época.


As vestais estavam longe do julgo do pátrio poder, desde que cumprissem suas obrigações no templo.  Na Roma antiga, um condenado à morte teria duas maneiras de perdão. Concedido por César ou se na hora da execução de sua sentença cruzasse pelo seu caminho uma Vestal.

As vestais e as noivas de Roma teriam, além das tranças, o mesmo ar de felicidade? Embora fossem as únicas mulheres a fazerem parte da hierarquia religiosa de Roma, elas não tinham escolha. Eram vestais por imposição.

As noivas  de hoje já não se casam por dever, mesmo que essa prática ainda exista em algumas culturas, a maioria delas perpetuam, por prazer, seus sonhos de princesas modernas. Tão femininas em seus vestidos e babados. Rituais que permanecem, rituais do nosso tempo. Das vestais só restam histórias. Das noivas, o aroma e o encanto dos amores românticos.

Um comentário:

  1. Já nada é como antigamente.
    Nem imaginas as boas recordações que tenha dessa cidade maravilhosa..Roma...Roma mágica.
    Gostei e voltei. Pensei que me tinha tornado tua per(seguidora). Já remediei o lapso e desta vez vim para ficar.
    Beijinhos Malu

    ResponderExcluir