Eu estava em Roma pela primeira vez e já haviam me avisado que aos domingos a gente tropeça nelas.
E é por aí mesmo. Contamos 16 naquele dia. Encontramos
algumas nas portas das relicárias igrejas.
Entrando, saindo, esperando a hora
de entrarem triunfantes. Algumas de carruagem, uma tirava fotos em um parque
público. Outro casal de noivos subia a ladeira com o ar ofegante e com aquele
sorriso de felicidade no rosto do “para sempre” dos contos de fadas.
Fiquei pensando onde estariam esses sorrisos em 10 anos. Uma
pesquisa científica aponta que a paixão dura dois anos, depois o que fica é o
amor e a cumplicidade, além de coisas menos nobres, como o costume ou a falta de
vontade para mudar essa condição.
Mas as noivas de Roma com seus noivos de fraque não pareciam
pensar em separação. A cerimônia em um dia de sol, os vestidos brancos, as
flores de fim de primavera. E lá foram elas seguindo seus caminhos, cada uma com seu
sonho e com seu ritual.
Recordando as noivas nessa cidade tão mística, não sei o
porquê, me vem à lembrança as sacerdotisas de Vesta, deusa do fogo. As vestais
eram sempre seis, escolhidas com a idade entre seis e 10 anos de idade, deveriam
servir ao templo por 30 anos e manterem-se virgens. As vestais
utilizavam um penteado chamado sex crines, um adorno com seis tranças. O mesmo
penteado era usado pelas noivas da época.
As vestais estavam longe do julgo do pátrio poder, desde que
cumprissem suas obrigações no templo. Na
Roma antiga, um condenado à morte teria duas maneiras de perdão. Concedido por
César ou se na hora da execução de sua sentença cruzasse pelo seu caminho uma Vestal.
As vestais e as noivas de Roma teriam, além das tranças, o
mesmo ar de felicidade? Embora fossem as únicas mulheres a fazerem parte da hierarquia religiosa de Roma, elas não tinham escolha. Eram vestais por imposição.
As noivas de hoje já não se casam por dever, mesmo que essa prática ainda exista em algumas culturas, a maioria delas perpetuam, por prazer, seus sonhos de princesas modernas. Tão femininas
em seus vestidos e babados. Rituais que permanecem, rituais do nosso tempo. Das
vestais só restam histórias. Das noivas, o aroma e o encanto dos amores românticos.
Já nada é como antigamente.
ResponderExcluirNem imaginas as boas recordações que tenha dessa cidade maravilhosa..Roma...Roma mágica.
Gostei e voltei. Pensei que me tinha tornado tua per(seguidora). Já remediei o lapso e desta vez vim para ficar.
Beijinhos Malu