 |
Victor Molev - Jim Morison |
Outro dia recebi de um amigo uma dessas mensagens em Power Point que mostrava a obra do artista russo Victor Molev.
Logo que vi me lembrei do brasileiro Vik Muniz, aquele que faz arte com lixo, sucata, diamantes e caldas de chocolate. No início deste ano visitei uma exposição de Vik no Museu Oscar Niemeyer de Curitiba – MON.
 |
Vik Muniz elizabeth Taylor em Diamantes |
Fiquei impressionada. Acho que a palavra que nos toca os lábios depois de vivenciar ambas as obras é esta.
Refletindo sobre o trabalho dos artistas, o que me toca a alma é pensar na releitura que é possível fazer quando nos distanciamos e nos aproximamos de situações.
Uma amiga comentou comigo a tristeza pelo fim de um relacionamento amoroso. Não há razões, certo ou errado, apenas pontos de vistas diferentes.
Uma vez me disseram: toda questão tem pelo menos 12 lados. Nossa! Como isso me soou familiar.
O maior legado deixado pelo meu pai foi me ensinar a viver com as diferenças. Isto não quer dizer que aprendi de todo a lição. Esta atitude necessita de uma dedicação diária.
É muito difícil abrir mão do nosso querer ao depararmos com o não-querer do outro. Como assim, não sou interessante o bastante para você? Ou ainda, o meu querer é menor do que o seu? Por que sou eu a ter que ceder? O tal consenso ou a concessão é um exercício que nem sempre queremos praticar.
A questão é sempre a mesma – a expectativa que depositamos no outro de sermos ou não aprovados socialmente.
Quantas e quantas vezes nos sentimos magoados, pouco valorizados, injustiçados?
Iniciei em maio deste ano a leitura de um livro de Krishnamurti. Espero um dia terminá-la. O “anti-guru, anti-líder indiano, da casta dos Bramanês, nos fala de coisas como a mente torturada, a armadilha da responsabilidade, o aprender, o conhecer-se, a totalidade da vida, entre outras coisinhas bem profundas.
“Nós, entes humanos, somos os mesmos que éramos há milhões de anos – enormemente ávidos, invejosos, agressivos, ciumentos, ansiosos e desesperados, com ocasionais lampejos de alegria e afeição. Somos uma estanha mistura de ódio, medo e ternura; somos a um tempo a violência e a paz.” (Krishnamurti – Liberte-se do Passado)
Bom, o fato é que nas afinidades e desafinidades apostamos em relacionamentos – amorosos ou não –, nos aproximamos uns do outro, vivenciamos nossos momentos de êxtase e, no instante seguinte, começamos a ver sem os olhos de espelho
e o mundo desmorona.
De perto, ninguém é normal. E o que fazer quando descobrimos que o outro não se encaixa no script que criamos em nossa mente?
Quando percebemos isso e pulamos fora primeiro, tudo bem. Mas, quando é o outro que nos rejeita, aí se abre uma ferida enorme. A Paixão é bela quando vivida a dois.
Quando o outro não dá sinais de investimentos na relação, então é hora de encarar os fatos, cumprir o luto, xingar, alugar os amigos para descobrir que este outro não era nem tão bom, nem tão ruim.
Afinal, a julgar pelas obras de Vik e de Molev, de perto ou de longe, não somos tão feios assim, apenas projetamos visões diferentes, dependendo do ângulo de quem nos olha.